| Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 838-1 | ||||
Resumo:Os fungos entomopatogênicos se destacam por seus benefícios, tais como baixo impacto ambiental e alta especificidade de hospedeiro. Com isso, alguns fungos estão sendo descritos como entomopatógenos, entre esses, as espécies Penicillium. Esse gênero produz mais de 900 compostos bioativos, dos quais tem-se as micotoxinas que podem ser tóxicos aos insetos. Já o Aedes aegypti é conhecido por disseminar os vírus causadores de diferentes arboviroses. O controle desse inseto ainda impõe desafios, pois seus ovos sobrevivem por vários meses e contribui no restabelecimento das populações. Nesse contexto, a compreensão da interação fungo-inseto em nível molecular é uma etapa crucial para o combate de vetores. Uma técnica analítica que pode auxiliar nesse entendimento é a espectrometria de massas, que possibilita analisar uma multiplicidade de moléculas através da relação massa/carga (m/z). Assim, esse trabalho teve como objetivo descrever o perfil de metabólitos resultante da interação entre uma cepa Penicillium sp. e os ovos de Aedes aegypti, por espectrometria de massas. Para isso, cem ovos de Ae. aegypti foram expostos aos conídios de uma cepa de Penicillium sp. reativada da Coleção de Fungos da Amazônia (CFAM). Logo após, os ovos foram imersos em água e a taxa de eclosão verificada a cada 24 horas durante 10 dias. Em paralelo a isso, a micotização dos ovos também foi observada diariamente. Para a análise dos metabólitos, cerca de 600 ovos foram expostos aos conídios durante 10 dias. Os ovos micotizados foram macerados com esferas de vidro em metanol durante 5 minutos. Em seguida, as amostras foram homogeneizadas em banho ultrassônico por 15 minutos e centrifugadas, resultando no sobrenadante. Em paralelo, ovos sem fungo também foi preparado nas mesmas condições. A análise das amostras ocorreu por injeção direta, no espectrômetro de massas LCQ Fleet Íon Trap com a fonte de ionização APCI, no modo positivo e negativo, na faixa m/z 100-1000. Os espectros foram visualizados no software Xcalibur. Como resultado, observou-se que os ovos expostos a cepa fúngica apresentaram micélio no exocório a partir do terceiro dia, sendo que no oitavo dia mais de 90% dos ovos estavam micotizados. Aliado a estes dados, notou-se o decrescimento na eclosão das larvas a partir do quinto dia, alcançando a menor taxa (53,67%) em dez dias. Na análise por espectrometria de massas, verificou-se que houve uma melhor ionização no modo positivo, com mais detecção de íons diferenciais quando comparado a análise no modo negativo. De forma detalhada, os espectros no modo positivo referente a amostra dos ovos micotizados exibiram sinais de metabólitos diferenciais na faixa de m/z 600-800, quando comparada aos espectros do controle. Nessa faixa, pode se destacar os íons de maior abundância relativa: 643,55 m/z; 690,29 m/z; 716,29 m/z; 744,36 m/z e 754,50 m/z, que provavelmente estão relacionados a metabólitos produzidos pelo fungo durante a interação com os ovos de Ae. aegypti. Similarmente, quando analisados os espectros no modo negativo observou-se alguns íons majoritários também na faixa de m/z entre 600-800, destacando-se: 683,10 m/z; 716,60 m/z e 742,55 m/z. Logo, esses resultados demonstram informações interessantes sobre o perfil de metabólitos presentes durante a interação entre uma cepa de Penicillium sp. e os ovos de Ae. aegypti; contribuindo assim, para o entendimento a nível molecular da ação desse fungo quando utilizado no biocontrole de vetores de doenças. Palavras-chave: Atividade ovicida, Biocontrole, Espectrometria de massas, Fungos entomopatogênicos, Metabolômica Agência de fomento:CAPES – Financiamento 001, Programa POSGRAD/FAPEAM, Programa C,T&I –Áreas Prioritárias/FAPEAM, PROEP/ILMD-FIOCRUZ AMAZÔNIA – LDMAIS e CNPq | |||||